Cosméticos de 3500 anos encontrados no Louvre

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Fonte: © CEA/Laurence Godart l.godart@free.fr
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Cerusita

Uma equipe de pesquisadores analisou diversas peças do museu do Louvre, em Paris, e encontrou resíduos de cosméticos Gregos e Egípcios de aproximadamente 3500 anos!
Nos cosméticos foram encontrados carbonatos de chumbo, componentes comuns de tintas e pigmentos produzidos pelas civilizações antigas. Para produzir os pigmentos, as civilizações egípcias antigas extraíam um mineral chamado cerusita, composto de carbonato de chumbo.

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Fosgenita

Apesar da cerusita natural ser utilizada em pigmentos para tintas e maquiagens, os egípcios também utilizavam o mineral para produzir artificialmente fosgenita, outro mineral composto de carbonato de chumbo.

Os pesquisadores da Universidade de Paris-Saclay, na França, analisaram os carbonatos de chumbo pela de datação de carbono. Essa técnica é bastante utilizada para determinar a idade de materiais orgânicos (que contém ligação entre carbonos em sua composição), por exemplo animais e plantas. Os carbonatos de chumbo dos cosméticos antigos são compostos inorgânicos (que não contém ligações entre carbonos).

A datação de carbono é feita determinando a quantidade de carbono radioativo, o Carbono-14, existente no material. O carbono-14 é continuamente produzido na atmosfera e é incorporado pelas plantas durante a fotossíntese. As plantas são consumidas por animais e entram na cadeia alimentar. Quando um organismo morre, ele para de incorporar carbono-14 e a quantidade do elemento no organismo começa a diminuir, permitindo-se estimar a idade do material analisado pela quantidade remanescente.

A equipe de pesquisadores liderada por Lucile Beck comprovou que durante a produção natural dos carbonatos de chumbo, também ocorre a incorporação de carbono-14, o que possibilitou determinar quando os compostos presentes nos antigos cosméticos foram feitos. Além de permitir a diferenciação entre os compostos naturais e os sintéticos.

As amostras examinadas incluem blush em pó, descoberto numa tumba em Eretria na Grécia, e outros pigmentos encontrados em cemitérios egípcios, construídos durante os reinados de Amenhotep III e Tutankhamun. Pelas análises foi possível determinar que os carbonatos de chumbo utilizados nesses cosméticos não eram de origem natural.

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Maquiagem egípcia e grega da coleção do museu do Louvre. a) Num cilindro de madeira (E 22326, 10 cm de altura e 4,4 cm de diâmetro), um dos quatro canais é visível, b) num vaso de alabastro (E 23092, 4,9 cm de altura, 5,1 cm de diâmetro) e ( c) em uma caixa de madeira de 2,5 diâmetros (AGER-CA 508) © Musée du Louvre, LMC14, C2RMF

A equipe de pesquisadores sugere que a mesma técnica possa ser utilizada para estimar a idade e autenticar obras de arte antigas, já que o chumbo branco era o pigmento mais utilizado no mundo antigo e é composto de uma mistura de cerusita e hidrocerusita.

Pra quem tiver mais interesse, pode acessar o artigo original clicando aqui.
A postagem foi adaptada desse post do site Chemistry World, da The Royal Society of Chemistry.

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